quarta-feira, 13 de agosto de 2014

1. Poesia: A enamorada

(por Raquel Lisboa)

voltaEla estava bem cansada;
Não tinha o brilho nos olhos;
Nem aquele belo colo;
De quando, jovem, enamorada.

O ventre, aumentara;
Para dar a luz aos filhos;
Não tinha mais os mesmos risos;
A dura vida, os levara.

Perdera a juventude;
Cuidando de sua família;
A beleza, sua virtude;
Aos poucos, se extinguia.

O marido, a quem amara;
Não lhe dava a mesma valia;
De quando, jovem, enamorada;
Mas andava com a vadia;

Beijava lábios de todos;
Prometia amor de Deus;
Enquanto os dela, ansiosos;
Aguardavam, somente os seus;

Não tinha mais o suave toque;
Daquelas mãos que tanto, amava;
Os seus cabelos, agora em coque;
Não o atraía, o afastava;

Enquanto a outra, o possuía;
Ela, sozinha, se lamentava;
E a lágrima sempre escorria;
Por sua face, amargurada;

Até que um dia, acontecera;
O seu amado, adoeceu;
Tuberculose, lhe sucedera;
Por seu amor, se condoeu;

E a vadia, agora com outro;
Em sua janela, desfilava;
Amargurado e com terno roto;
Ele, chorando, observava;

Sentiu na pele a triste dor;
De amar, sem ser amado;
E com um soluço, sufocado;
Confessou o seu amor;

Por aquela, enamorada;
Que sempre,  o aguardou;
Aflita e angustiada;
Pelo homem que sempre amou;

Que lhe dera, belos filhos;
E com o tempo se afastou;
Mas voltou, com um sorriso;
Dizendo que sempre a amou;

Se iludiu pela aparência;
Não olhou o interior;
E agora, naquela ausência,
Compreendeu que o amor;

Era mais que um belo rosto;
E maior que um sorriso;
Ainda mais que um belo corpo;
E palavras de delírio;

O amor ele encontrou;
Naquela mulher desamparada;
Que ainda o amou;
Como, jovem, enamorada;

Em seus braços o recebeu;
Com carinho lhe cuidou;
Aquele homem, quase morreu;
Mas, sua saúde, retornou;

Depois de curado, ele soltou;
Os cabelos, da enamorada;
Com um ruído, suspirou;
Como era bela, a sua amada!

Cego, louco, desorientado!
Como trocara sua dama;
Por qualquer uma, desnorteado?
E com perdões, seguiram à cama;

Que a aguardava, apaixonados;
Jurando amor, eterno;
Superaram os obstáculos;

Viram, os filhos crescer;
E os netos, batizados;
E o amor, sempre a ferver;
Como, antes, enamorados.


Imagem: r.freepik.com/index.php?goto=2&k=tristeza&order=2&searchform=1&vars=2






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