terça-feira, 15 de outubro de 2013

11. Crônica: A jaqueta

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(por Arabian Manojo)


     Logo nos primeiros dias de aula, estava eu de jaqueta com o zíper aberto, indo na direção da enorme multidão que entraria em um dos vagões do Metrô na estação da Sé. Meu destino: Estação Ana Rosa.

Horário de rush, aquele calor e aperto, metrô lotado, empurra-empurra, quando a campainha soou por pouco não fiquei para o lado de fora. 
    Fui esperta, me apertei, espremi, empurrei e conseguiu entrar, amassada entre as outras pessoas que se acotovelavam por um lugarzinho.

     Bem, finalmente me acomodei grudada na porta. O metrô chegou à primeira estação e muitas pessoas desceram. Agora sim iria para o corredor, ficaria mais folgada e, quem sabe, acharia até um lugar para sentar...

          Mas... Algo deu errado. A jaqueta não se movia, o que teria acontecido?
Claro! Fiquei presa na porta. Está Vendo? Quem mandou desobedecer à ordem do maquinista e entrar depois da campainha soar?
       Não dava para escapar. Quase metade da jaqueta estava para o lado de fora, como um sanduíche. Ah, mas na estação seguinte eu sairia, porque a porta se abriria! Quem dera!
O companheiro inseparável Murphy, aquele sujeitinho da lei, que afirma que "se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará", atacou de novo.  A porta que abriu foi a do outro lado.

        Àquela altura, o ridículo já tinha tomado conta da minha viagem. O metrô bem mais vazio e só a jaqueta preta de pé, ali, grudada na porta.
A cena bizarra se arrastou por mais umas três paradas. E o trem continuou, agora, sentido a estação Ana Rosa onde eu desceria. O desespero já tinha tomado conta da jaqueta. "Será que nessa estação a porta abre desse lado? E agora? E se abrir de novo do lado de lá?”

          Os segundos que me levaram até a estação Ana Rosa pareciam uns 10 minutos. Devagar, o trem foi parando, parando...
Está ai mais uma cena ridícula, algumas pessoas que estavam no vagão foram em direção à porta onde eu estava presa (bom, pelo menos soube que a porta do meu lado abriria, já era alguma coisa, ou melhor, a melhor coisa do dia!). Todos me olhavam e não entendiam nada, o porquê eu estava de frente para eles, grudada na porta que ia abrir em poucos segundos.
          A porta abriu, eu me soltei, me virei e, com uma boa dose de vergonha, sai em direção à faculdade.

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