terça-feira, 15 de outubro de 2013

10. Crônica: Peso da culpa

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(por Arabian Manojo)


Sexta-feira às 16 h 30, fui me preparar para ir à faculdade. Tomei banho, lavei os cabelos, me troquei, e às 17 h atendi o telefone que obviamente, tocou.
Eram algumas amigas do meu ex-trabalho, querendo tomar umas cervejas, contar as novidades... Elas não estavam muito bem, inclusive, uma delas não consegue ficar, beijar ou qualquer tipo de aproximação com o sexo oposto e a outra vive brigando com o marido. 

Eu disse que não poderia ir, pois tinha que assistir aula. 
Minhas amigas nem insistiram muito. 
Aceitei o convite, afinal de contas, fazia bastante tempo que não as via. Me senti culpada por isso, mas pensei: "foi por uma boa causa".
18 h 30; O reencontro foi o máximo, nos abraçamos, falamos das novidades, brigas, dificuldades de conseguir um namorado, demos conselhos umas para as outras, enfim, colocamos o papo em dia.

20 h 30; Elas precisaram ir, nos despedimos e mais uma vez me senti culpada por não ter  ido para a faculdade, ainda era tão cedo e eu tive que ir embora...
21 h; A caminho de casa, mais precisamente dentro do trem, meu telefone toca de novo. Dessa vez era alguém em especial. Falamos algumas coisas de costume, como: 

-Tudo bem com você? Como foi sua semana?... 
Até chegar ao ponto G:
-O que vai fazer hoje? - perguntei a ele. 
-Vou vê-la - respondeu. 
Logo, combinamos de nos encontrar.
22 h; Fui para casa dele. Pensei: "Meu Deus, se minha mãe souber que deixei de ir para a faculdade, para beber com as amigas e depois ir pra casa de um cara que mora sozinho, às 10 h da noite, ela vai me matar!" 

Mais uma vez a razão pesou minha consciência. Por que  não fui para a Faculdade?
22 h 15; Nos vimos, conversamos, comemos e namoramos...
0 h 30; Horário que chegaria em casa. Disse a ele que precisava ir embora, porque minha mãe estava me esperando e se soubesse que eu estava com ele, ela  me mataria.  
Ele falou ressentido:
-Minha cama é tão grande para eu dormir sozinho... Fica aqui comigo? Mais uma vez não precisou insistir muito e aceitei.
-Preciso acordar às 8 h da manhã para chegar em casa cedo, direi a minha mãe que não fui para casa porque estava muito tarde. Falarei também que dormi na casa de uma amiga, ok?
1 h 00; Senti uma culpa tão grande que não consegui dormir. Imaginava o que minha mãe estaria pensando. Pensei em ligar. "Não está tarde, amanhã eu explico direitinho".

3 h; Acordei assustada. Onde estou? Olhei para o lado, e soube onde estava. Peguei o celular para ver se não tinha nenhuma ligação da minha mãe, e nada. Tirei outra soneca.
7 h; Acordei desesperada achando que já era quase 11 h da manhã. Me sentia tão culpada de não ir para faculdade e nem ter ido para casa, que não via a hora de chegar logo. Minha mãe poderia estar muito preocupada comigo.

8 h; Me despedi.
8 h 15; Cheguei em casa. A primeira coisa que fiz ao abrir a porta foi chamar pela minha mãe, mas ela não estava lá. Liguei e perguntei onde se encontrava:
 - Ontem algumas amigas me chamaram para ir a uma festa e ainda estou aqui, você pode vir me buscar às onze?
Pensei: "Não acredito! Não dormi direito imaginando que ela estava preocupada, desesperada, sei lá..."
 Mas não, ela estava na balada se divertindo e, o melhor, sem culpa nenhuma.

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