3. Resenha do livro: Deu a louca no Folclore - Edu de Almeida

(por Raquel Lisboa)

Estrelas 5/5

       Autor: Edu de Almeida

Editora: Bookess

Muitas coisas aconteceram com o nosso Folclore. A velha Fofoqueira, que fala da vida de todo mundo e ajuda autor a escrever novelas, perdeu a língua; O Saci ganhou outra perna; O Lobisomen virou Lobo Mau; A Iara, que encanta os homens com a sua beleza e os leva para o fundo do mar, transformou-se em bruxa; A Boneca de Pixe virou fada; O Curupira endireitou os pés e passou a maltratar as florestas e os animais; A Mula Sem Cabeça virou Mula Com Cabeça, mas a maior confusão foi Macunaíma – o anti herói – tornar-se herói bem educado para salvar toda àquela gente.

Um grande mal aproximou-se do Folclore fazendo com que todas as coisas ficassem malucas e, sozinho, Macunaíma precisa enfrentar perigos, desde ser engolido pelo Lobo Mau que era Lobisomen, até apanhar de um monte de passageiros quando pegou o bonde para o Raio que o parta.

Com uma linguagem leve e envolvente o narrador nos leva a pensar sobre a infância roubada de nossas crianças por brinquedos eletrônicos e lança uma crítica ao dizer que menino que não tem histórias contadas no pé do travesseiro, cresce amargurado. Nas entrelinhas, verificamos uma análise da sociedade, onde o consumismo é estimulado o tempo inteiro pela mídia; o capitalismo leva a perda de tempo para os filhos e como consequência a da própria vida que passa sem ao menos ser percebida; executivos que ganham dinheiro e perdem a saúde; a falta de estimulo para a leitura e o esquecimento de personagens tão importantes em nosso Folclore.

Deu a louca no Folclore é um livro que retrata toda a realidade em que vivemos misturada ao sabor de ser criança, com uma pitada de Gil Vicente em O Auto da Barca do Inferno e resulta em nada mais, nada menos que um convite à reflexão. O autor nos faz sorrir do início ao fim da narrativa, mas toma o cuidado de deixar suas intenções nítidas que é despertar a atenção do leitor para as coisas que acontecem à nossa volta e que, pela correria proporcionada pelo próprio capitalismo, não conseguimos observar.

Mais do que isso, o autor deixa claro nesse convite a riqueza que a tecnologia nos proporciona, mas que infelizmente traz com ela o empobrecimento de nossa cultura. Eu recomendo. Vale conferir.

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